Selic subiu em agosto para 6,25% ao ano.
Após baixas consecutivas, a taxa Selic vem subindo em 2021. No último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), a Selic ficou definida em 6,25% ao ano, aumento de 1% em relação à taxa anterior. E com a Selic mais alta, o financiamento imobiliário encarece.
De acordo com dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), em 2020 o crédito imobiliário registrou o recorde de R$ 124 bilhões, uma alta de 58% em relação ao ano anterior. E muito dessa crescente se deve aos juros baixos por conta da Selic em baixa.
Mesmo com juros mais altos e financiamento mais caro em 2021, especialistas ainda acreditam que este é um bom momento para comprar um imóvel.
O fundador da imobiliária AoCubo, Ronnie Sang Jr., disse ao Estadão que mesmo com o aumento da Selic e do aumento dos custos de construção, o mercado imobiliário não dá sinais de queda. Segundo o executivo, a pandemia tornou o sonho de ter uma moradia própria algo urgente e isso aquece o setor, mesmo com os custos em alta.
O presidente da plataforma Minha Casa Financiada, Vinicius Motta, em entrevista ao Estadão, ressalta que o mercado imobiliário deve se manter aquecido pelos próximos quatro anos.
Taxas de juros já haviam crescido antes do aumento da Selic
Antes mesmo do reajuste feito pelo Copom, as taxas de juros de financiamentos imobiliários no país já haviam subido nos últimos meses. O primeiro banco a aumentar as taxas foi o Santander, que elevou os juros para 8,99% ao ano com a taxa referencial.
Depois foi o Bradesco que passou a ter taxas entre 8,5% e 8,9% ao ano mais taxa referencial. O Itaú Unibanco também aumentou suas taxas básicas para 8,3% ao ano mais a taxa referencial. Com o aumento nas taxas de juros, a Abrainc também considera que o momento ainda é propício para a realização de financiamentos.
Dados do órgão apontam que mesmo com a subida nas taxas, elas ainda se encontram mais baixas do que o nível habitual brasileiro, que é acima de dois dígitos.
Luiz França, ressaltou que as condições para financiar a casa própria continuam atraentes e que a alta na Selic não tende a dificultar os planos de quem sonha em comprar um imóvel em 2021.
Caixa baixa juros de linha de crédito vinculada a Poupança
A Caixa Econômica Federal, banco líder no mercado imobiliário brasileiro, baixou em 0,4% a sua linha de crédito Poupança +. Essa modalidade de financiamento da Caixa representa 17% dos contratos de financiamento vigentes no país, segundo a Abrainc.
Segundo a associação, a redução nos juros da linha crédito aumentou em 6% o poder de compra de um imóvel, facilitando a realização do sonho da casa própria para mais de 927 mil famílias elegíveis para esta linha de financiamento.
Com a diminuição dos juros, a partir de outubro, a taxa de juros será de 2,95% acrescido da redução da poupança. A taxa de juros é variável, já que o aumento da Selic também aumenta os juros da poupança, mas há uma taxa limite de 10,16%.
Em 2021, a Selic já sofreu alguns reajustes passando de 2% ao ano para 6,25% ao ano e mesmo assim os financiamentos imobiliários com recursos da Poupança atingiram 21 bilhões de reais, um aumento de 11,8% em comparação com o mês anterior. O aumento da Selic neste ano se deve, principalmente, à aceleração da inflação, que passou de 10% ao ano;
Com isso, Luiz França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), disse em entrevista a Veja que com a inflação normalizada em 2022, a taxa Selic deve se estabilizar, e com isso os juros do financiamento não devem ultrapassar a casa dos dois dígitos.